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Os últimos projecionistas de filmes em película do Paraná estão na Cinemateca de Curitiba

  • Foto do escritor: Rede TV Paraná
    Rede TV Paraná
  • há 1 dia
  • 3 min de leitura

Três funcionários da Fundação Cultural de Curitiba mantêm vivo um ofício em extinção. Eles são os últimos projecionistas em atividade na capital paranaense e, possivelmente, no Estado, que ainda dominam a arte de exibir filmes em película.Programação especial traz histórias e leituras de contos de Dalton Trevisan, o vampiro de CuritibaBanda Urucum apresenta fusão de jazz e ritmos afro-brasileiros

Élio Borges, Valdenício Pereira da Silveira e Francisco Amâncio da Silva trabalham na Cinemateca de Curitiba, única sala de cinema no Paraná que ainda realiza sessões de filmes com projeções em película 35 mm e 16 mm. Mais que técnicos, eles são guardiões da memória cinematográfica e apaixonados por um ofício que caminha para o fim.  


Os três começaram a carreira quase na mesma época e têm, em média, 40 anos de atividade profissional. Nas últimas décadas, com a digitalização do audiovisual, a projeção em película foi sendo gradualmente substituída por tecnologias mais ágeis e automatizadas, mas isso não intimida os técnicos da Cinemateca.


Histórias projetadas na vida

Valdenício Pereira da Silveira começou cedo, aos 17 anos, escondido em uma cabine de cinema na cidade de Sete Quedas, no Mato Grosso do Sul. “Eu tinha que ficar escondido porque era menor de idade”, lembra. Anos depois, já em Curitiba, foi indicado para trabalhar no Cine Luz, cinema de rua da Fundação Cultural. 

Para ele, o ofício é mais que uma profissão. 

“É como se eu estivesse fazendo o público sentir aquelas emoções (dos filmes). Isso é um dos motivos de eu continuar até hoje”, conta Valdenício.

Valdeníco Pereira da Silveira, projecionista. 

A busca por uma vaga de porteiro no antigo Cine Vitória, em Curitiba, no início de 1980, levou Francisco Amâncio para as cabines de projeção. Depois, passou por outros cinemas da cidade, onde aprendeu a projetar filmes na prática, isso antes de chegar à FCC, em 1985. “Um dia, o técnico olhou e disse que minhas emendas estavam melhores que as dele”, orgulha-se Chico. 


Ao longo de mais de 40 anos de profissão, Chico passou por diversos cinemas da cidade e testemunhou a transformação da projeção analógica para a digital. Trabalhou no Cine Luz, no Ritz, na Cinemateca e em salas de bairro, cuidando de cada filme como se fosse joia. 

“Eu digo que me casei com o cinema aos 18 anos. E até hoje não pedi separação”, brinca Francisco. 

Francisco Amâncio da Silva, projecionista.

Dos cinemas de rua para a FCC

“Projetar não se aprende em sala de aula. É prática, repetição, tato”, resume Élio Borges, que, por sua vez, está na Cinemateca desde 1981. Passou por cinemas de rua da cidade como o Lido, o Condor e o Plaza, até se fixar na Fundação Cultural de Curitiba.


Técnico e projecionista, Élio é também o responsável pela manutenção dos projetores da Cinemateca de Curitiba. “Trabalho com Super 8, 16 e 35mm. Aqui tudo ainda funciona e acho importante manter, porque a película tem mais textura, dá mais qualidade que o digital. Tem público que prefere", defende. 

Élio Borges, técnico e projecionista.

Para esses profissionais, cada sessão carrega uma história. Élio recorda, rindo, de quando cortou um filme por engano, deixando um trecho de Popeye no início de um suspense. “Foi um susto e uma gargalhada coletiva”, diz o projecionista.

Outras histórias, como a sessão gratuita de Natal que Francisco improvisou após o funcionário da bilheteria não aparecer, revelam o compromisso com o cinema e com o público. “Abrir as portas e dizer ‘hoje o cinema é por nossa conta’, move a gente,” releva Chico.

A última cabine

Com o avanço do digital, a profissão desapareceu dos cinemas comerciais. “O digital é prático, você recebe o filme por HD, monta a playlist e o projetor liga sozinho. Controlo tudo pelo celular”, explica Valdenício, que atualmente trabalha no Cine Guarani, no Portão Cultural. 


Apesar das diferenças tecnológicas, a essência permanece. “O importante é fazer o filme acontecer para o público, isso exige cuidado, seja na emenda da película ou na configuração do projetor digital”, completa Francisco, que está aprendendo a operar o projetor digital recém-chegado à Cinemateca de Curitiba. 


Atualmente, todas as salas de cinema da Fundação Cultural de Curitiba (Cine Passeio, Cine Guarani, Teatro da Vila e Cinemateca) têm projetores com tecnologia DPC, o padrão mundial de distribuição e exibição de filmes digitais, com alta qualidade de imagem e som.  

 
 
 

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